PIZZ BUIN


Pizz Buin é um aglomerado formado por Rosa Baptista, Irene Loureiro, Vanda Madureira e Sara Santos, em 2005, nas Caldas da Rainha, na ressaca da produção artística e das teorias modernistas, ainda acesas no contexto especifico e institucional da escola de arte. Pizz Buin é um projecto aberto, ao qual é acrescentada uma nova definição sempre que o mesmo é discutido: é um colectivo e não uma colectiva. Sendo que nesta última década houve uma nova viragem e relevância dada espaço artístico institucional, intencionalmente, este colectivo surge inserido no sistema das artes com o propósito de a ele se dirigir.
A grande dinâmica Pizz Buin reside no vivo, na comunicação/descomunicação despoletados pelo combate à arte aborrecida. Até ao momento o grupo apresentou propostas que visam abrir a discussão, tomando como objecto-problema vários momentos do foro artístico: enquadramento da obra de arte, a sua vivência/sacralização, as referências anteriores ao objecto de arte,a história/actualidade, a situação vernissage, as exposições,... Os vários métodos de actuação (manipulação, apropriação, descontextualização, cutup,...) vão também influênciar a construção e percursos da proposta, re-encontrando também sentido quando apresentados nos lugares de recepção de arte.
As acções Pizz Buinianas assumem um carácter paródico e essencialmente cínico, traduzindo-se na recolocação de questões inerentes ao mundo da arte.

ÀCERCA DO MAIS RECENTE TRABALHO

Sinopse

No pequeno compartimento, com luz lateral, expõem-se uma tapeçaria da «História de Ester» Assuério e Mardoqueu, marcada com o monograma de Marc Crétif, tapeceiro de Bruxelas, c. 1545 e as pinturas: retrato de Carlos I Rei de Inglaterra, no estilo de António Van Dick, escola flamenga (1599-1641); Retrato de Desconhecido, por Johann Kupetzki, escola húngara (1667-1740); Retrato de Carlos III de Espanha, de António Rafael Mengs, escola alemã (1728-1779); Retrato de Desconhecido, escola francesa, século XVIII; completam o arranjo da sala de quatro cómodas francesas do século XVIII.
Inferno: Apareceu em Rio Tinto
Irene Loureiro, Rosa Baptista, Sara Santos e Vanda Madureira são as Pizz Buin. Nesta exposição o colectivo convida o espectador a entrar num estranho museu de arte sacra. Até 21 de Março na Rock Gallery, em Lisboa.
As Pizz Buin dedicam-se a reproduzir e a colocar em ambiente "doméstico" obras icónicas da história da arte. No seu projecto "Casa", escolheram obras de arte precisas de outros artistas, reproduziram-nas à escala original, e fizeram uma casa onde as próprias artistas viveram e conviveram com as obras durante o período de exposição no CACE, no Porto. O "colchão" de Sarah Lucas, o quadro "As Meninas" de Velásquez, "Fountain" de Bruce Nauman ao pé da casa de banho, foram algumas das obras "reproduzidas". Esta instalação foi apresentada aquando da nomeação do colectivo para os Prémio EDP Novos Artistas, em 2007.

Em "Inferno: Apareceu em Rio Tinto" o espectador é confrontado com o que parece um "cabinet d''amateur" - uma série de obras em molduras antigas povoam as paredes por todos os lados. Como num estranho museu de arte sacra. A imagem que divulga a exposição é uma torradeira incandescente e, se observarmos bem, foi provavelmente esse o instrumento utilizado para fabricar as obras expostas nas molduras à nossa frente. São todas "pinturas" em formato quadrado e, se olharmos com atenção, percebemos serem fatias de pão torradas. Como se fossem registos de "aparições", como a recentemente muito divulgada entrada no site ebay de uma torrada com a cara de Jesus Cristo.

S.Po.(PÚBLICO)

in http://lazer.publico.clix.pt/artigo.asp?id=220385

METAPELHO / ESPAÇO AVENIDA / JUNHO 2008



A exposição Metapelho

Metapelho é um projecto artístico concebido nos finais de Junho de 2008, para o Espaço Avenida, situado no nº 211 na Avenida da Liberdade em Lisboa (espaço já conhecido pela realização de variados eventos artísticos), pelo colectivo artístico Pizz Buin.
A
O projecto dividiu-se em dois momentos diferentes com distintas construções e disponibilizações de espaço e tempo: O Momento I , a que o colectivo apelidou de arte em directo e Momento II ou arte em diferido.

MOMENTO I
No dia 21 de Junho, pelas 21:30 horas foi aberto o espaço onde os nove oradores ocupavam as nove diferentes salas, contíguas ao corredor principal do espaço. Cada uma das salas dispunha de iluminação ambiente, um microfone, uma mesa com bebida (diferente em cada sala) e a logística necessária e solicitada por cada orador (cadeira, maple, mesa, projector, etc...).
No corredor estavam instaladas as nove colunas de amplificação com ligação ao microfone de cada uma das salas.
Deste modo e dada a arquitectura do local, o público/utilizador ao entrar no espaço deparava-se com uma amálgama de som/vozes/discursos, provenientes de cada uma das salas. Para ter a percepção de um discurso em específico era necessário entrar dentro de cada sala em particular, sendo contudo impossível a total abstracção dos outros discursos que decorriam em simultâneo (visto que eram amplificados no corredor).
A circulação do público era também acentuada pelo factor sala diferente/bebida diferente. O próprio cut-up presencial (objecto invisível) feito dos discursos que convivem neste presente temporal (tornados físicos) espaço e momento não era só uma absorção passiva linear, dado que em tudo influía o próprio comportamento/experiência do individuo público a circular.

Às 21h foi assim despoletada uma situação cujo desenvolvimento não poderia ser totalmente previsto, embora fosse assumida desde inicio um certo grau de imprevisibilidade no evento (dada a sua natureza: os objectos desta acção são pensantes e actuantes).
Os oradores iniciaram em simultâneo a sua acção (alguns faziam-se acompanhar de um texto ou guião, de referências escritas, imagens como objectos integrantes dos seus discursos, outros não levaram qualquer suporte adicional à sua prestação).
Contudo, apesar da preparação e deste tipo de material de apoio (os textos, guiões, vídeos etc) viram-se na necessidade de adaptar as suas estratégias pessoais ao longo do decorrer do evento: dado que não aconteceu um ensaio geral prévio, muitas vezes o orador não conseguia ouvir-se a ele próprio (em determinadas zonas algumas vozes sobrepunham-se a outras).
Alguns oradores ampliaram a sua performance para fora das suas salas, provocando cruzamentos presenciais, criando alguma permeabilidade entre os espaços destinados a cada orador e diluindo/alternando a posição orador/público (alguns oradores para tentar ultrapassar um certo sentimento de autismo, outros dado a natureza da prestação).
Outras vezes o guião discursivo foi substituído por momentos de silêncio.
De uma maneira geral os oradores cumpriram a proposta inicial (produzir um discurso oral com base na reflexão de um enunciado sugerido pelo colectivo), coexistindo excepções como a situação criada pela comissária Filipa Oliveira, transformando a situação expansiva de oradora num espaço intimista, convidando o público a partilhar a situação de orador.
Os 45 minutos propostos inicialmente (que para diversos oradores era já considerando muito tempo de explanação) foram totalmente extrapolados: o espaço Metapelho tornou-se um verdadeiro habitat onde os diversos intervenientes (oradores e público) e espaços se influenciavam e condicionavam mutuamente propiciando encontros, discussão e discursos entre todos muito além dos guiões planificados e oradores oficiais.
Alguns dos oradores foram abandonando as suas salas (indo para outras salas, abandonando o espaço, indo para o corredor, juntando-se a outros oradores em outras salas...); por sua vez, nas salas vazias juntava-se público que povoava de novo as salas. Os microfones continuaram ligados e o som continuava a propagar-se.
O Momento I terminou no Espaço Avenida pelas 2h, quando se desligaram os microfones e a última pessoa abandonou o espaço.

MOMENTO II

Nos dias 26, 27 e 28 de Junho entre as 18 e as 22 horas, o Metapelho prolongou-se num segundo momento, onde em nove diferentes salas se dispuseram as folhas de sala, ausentes no Momento I.
Os textos das folhas de sala, construídos entre Momentos pelas Pizz Buin, foram produto de cut-ups de textos de diferentes autores, fontes e temáticas, em que se manipularam intencionalmente palavras, sintaxe, significados, traduções e outras formatações.
O objecto artístico são os próprios montes de folhas expostos no interior de cada sala vazia onde o espectador não pode ficar indiferente à arquitectura pombalina do Espaço Avenida.
Dispostos em pilha por cada sala, propunham explicações que não explicavam nada, ou leituras que faziam todo o sentido. Alguns dos visitantes que também estiveram presentes no Momento I estabeleceram relação entre os conteúdos das folhas de sala e o primeiro Momento, outros que foram percorrendo o espaço e lendo as folhas foram criando relações de sentido e inter-ligações entre os textos, entre o Metapelho e entre o percurso do colectivo.
Em termos expositivos, as nove salas escolhidas diferiram das nove salas do Momento I (para que não existisse uma colagem directa ao orador presente anteriormente) e em cada uma havia uma ou duas pilhas de folhas de sala assentes no chão: de um espaço cheio de som e de pessoas num curto espaço de tempo (Momento I) passava-se agora para uma amplidão de silêncio cheio de discursos em papel, e com todo o tempo do mundo para ler.
O comportamento habitual de quem usufruía de tanto espaço e tempo, era passar pela exposição, recolher as folhas (souvenir/eu estive lá) e levá-las para casa (quiçá se alguma vez serão lidas?).


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